Novos amigos
Já
anoitecia quando Formis chegou ao local indicado pelo ancião, mas achou
estranho não ver qualquer sinal dos monstros, pois estava demasiado silencioso
para um local ao qual o ancião chamara “super perigoso”.
- Talvez estejam a dormir – concluiu. –
Amanhã pedirei uma audiência ao chefe das lagartas. Se não aceitar a diplomacia
vou ter de…
- Oh, vá lá! Esperei milhares de anos
por alguma ação e agora dizes que queres diplomacia?! Estás a brincar comigo,
certo? – interrompeu Focus Master, saindo da sua pedra com ar zangado.
- Calma, amigo. Nunca disse que não ia
haver ação. Duvido que nos deixem entrar, por isso acho que vou precisar de ti.
- Boa! Vamos lá! Mal posso esperar
para…
- Dormir. – desta vez foi Formis que
interrompeu. – Amanhã procuraremos as lagartas, está muito escuro agora.
- Hum… Está bem…
Estava uma linda manhã quando Formis
acordou e olhou para os pássaros que voavam em bando, enquanto os ouvia cantar
uma bela melodia. Custava-lhe pensar que um sítio tão bonito pudesse ser
perigoso. Pegou nas suas coisas e continuou a avançar.
Depois de andar meia hora, apercebeu-se
de que não iria encontrar nada se continua-se assim.
- Tenho de pensar. Onde é que se
esconderia uma lagarta? Provavelmente numa árvore, mas uma lagarta do além?
Hum…
Procedeu a caminhada até que, de
repente, o chão cedeu sobre os seus pés e deu por si a cair no abismo.
- Focus Master ajuda-me! – gritou em pânico.
O espírito saiu da sua pedra:
- O que queres que faça? Não posso
fazer nada quanto a quedas, sou o espírito do fogo! – foi então que teve uma
ideia flamejante. – Já sei! – disse, retornando à sua pedra e entrando no corpo
de Formis.
A habitual comichão passou e o
lança-chamas apareceu.
- É isso! – disse Formis, apontando
para o precipício sem fim. – Ativar!
Uma torrente de chamas saiu do braço de
Formis, começando a abrandar a queda. Formis estava salvo! Mas o seu braço não
estava habituado a tanta potência e começou a ceder, e Formis ainda não via o
fundo do abismo. Tentou aguentar o seu braço, quando começou a distinguir um
brilho esverdeado vindo do precipício. Seria o fundo? Formis não aguentou mais.
Perdeu a força no seu lança-chamas. Dirigia-se para o fundo onde estavam pedras
verdes, que pareciam capazes de partir uns quantos ossos. Caiu.
- Mas… isto é mole! Que pedras tão
estranhas… mas ao menos ampararam-me a queda.
- Estava a ver que não nos safávamos! –
disse Focus.
- Também eu amigo! Bem a gruta está
cheia de pedras verdes… e se for aqui a gruta das lagartas do além?
- Vamos lá descobrir. – disse uma voz
fria e arrepiante atrás deles.
Quando se viraram, viram uma enorme
lagarta cinzenta, cujas patas pareciam foices, prontas a atacar. Possuía ainda
duas enormes mandíbulas e uma armadura cintilante dourada. Formis deduziu que
fosse um guarda da gruta. Se havia guardas, havia alguém a mandar neles.
***