Formis, o mestre dos elementos

“Um novo desafio”

            Perdido nos seus pensamentos, Formis atravessava a floresta misteriosa, cujo trilho levava a Polaris, quando, desviando da sua frente umas folhas de árvore, exclamou:

            - Uau!

            Era mesmo incrível! Quem diria que, no interior de uma floresta negra e assustadora, estaria uma pequena aldeia alegre, colorida e muito convidativa. Formis nem acreditava no que os seus olhos viam. A pequena aldeia estava apinhada de casas, semelhantes a cogumelos, das quais emanava uma estranha aura. Havia imensos caminhos de terra batida por onde circulavam criaturas, desde árvores enormes, até pequenas flores. Era um sítio totalmente diferente do que Formis esperava encontrar.

            O seu coração rapidamente se encheu de alegria e as suas pernas começaram então a levá-lo para a aldeia.

            - “Polaris” – leu. – Acho que cheguei. A segunda pedra deve estar por perto.

            Podes querer que está amigo, consigo sentir a presença do meu irmão Vegetabili Master. A pedra tem de estar aqui!

            Formis olhou em redor procurando algum sinal do irmão do seu amigo Focus Master, mas não encontrou nada de anormal naquela aldeiazinha alegre, exceto a estranha aura que circundava as casas-cogumelo.

            - Desculpe. – disse uma vozinha atrás de Formis.

            Este virou-se e reparou na estranha criaturinha que havia falado. Esta pareceu encolher as suas pétalas rosa, como que envergonhada por Formis se ter voltado e, enquanto se endireitava nas suas perninhas escanzeladas, que Formis deduziu serem as suas raízes, perguntou:

            - Quem és tu forasteiro e como passaste pela muralha?

            - Eu sou Formis. Não quis destruir a vossa muralha, nem perturbar a vossa aldeia. Vim à procura da pedra lendária vegetal que, segundo o que sei, se encontra aqui.

            - Não sei o que procuras Formis, mas tenho a certeza que o ancião sabe. A propósito eu sou  Mashi e sou uma rosa.

            - Prazer em conhecer-te Mashi. Será que podes levar-me a esse tal ancião de que falaste?

            - Claro Formis! Segue-me, é já ali.

            Formis seguia a sua nova amiga pela aldeia, espantado com cada pormenor que via, desde idosos carvalhos a jogar damas, às pequenas flores que jogavam à bola com uma esfera de erva seca.

            Chegados à casa do ancião, Formis ficou extremamente desapontado com o que vira. Julgava que o ancião morasse num grande palácio, rodeado de luxos e de riquezas, mas este vivia num velho e mirrado tronco de árvore. Agradeceu a Mashi pela ajuda e entrou:

            - Ancião? – chamou. – Ancião?

            - Não grites visitante, pois irás perturbar os espíritos que convivem comigo nesta sala de paz.

            - Desculpe senhor, não volta a acontecer. – disse Formis, envergonhadíssimo pela sua falta de respeito.

            - Não te preocupes jovem, pois os espíritos aceitam as tuas desculpas e reconhecem o teu arrependimento. Mas diz-me forasteiro, o que te traz à minha humilde casa.

            Formis contou a sua história ao velho ancião, que escutava com atenção, sem fazer quaisquer perguntas ou observações.

            - Eu tenho o que procuras Formis. – disse, jogando a mão ao bolso e retirando uma pedra brilhante e verde, que logo se iluminou ao chegar perto de Formis.

            - Pode dar-ma por favor? Preciso dela para devolver a paz a Solaris.

            - Adoraria jovem – disse o velho suspirando. – Mas não posso fazê-lo.

            - Porque não? – admirou-se Formis.

            - Esta pedra protege a nossa aldeia das lagartas do além, que nos devorariam a todos em menos de uma hora. Eu mesmo as teria derrotado, mas a idade já me pesa meu jovem, e receio não ter forças para tal.

            - Como é que a pedra protege a aldeia?

            - Consegui conduzir o poder desta pedra para os cogumelos que circundam a aldeia, através de um acordo com o espírito que nela reside. O poder que dá aos cogumelos, permite criar uma muralha à nossa volta e dissipar o nosso cheiro, impedindo as lagartas de nos localizarem.

            - E se eu fizesse essas lagartas desaparecer?

            - Dar-te-ia a pedra com todo o gosto, forasteiro.

            - Onde posso encontrar essas malditas?

            - A oeste da nossa aldeia, jovem. É lá o seu covil. Mas é suicídio entrar num local tão abominável e perigoso.

            - Eu gosto de desafios.

            E, dito isto, saiu do tronco e dirigiu-se para a porta da cidade.

            Estás pronto para a tua primeira aventura, Focus Master?

            Já estou a aquecer só de pensar. Vamos lá!

            - Activar lança-chamas!